quarta-feira, 4 de setembro de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
O que são as "aparências"?
"Penso que precisamos de uma definição de como estou utilizando o termo 'aparências', que significa: - Qualquer coisa que surja à consciência dos cinco sentidos, como nos sentimos sobre essas aparências surgindo como objetos e o que nós pensamos sobre essas aparências momento a momento. Então isso encoberta tudo, seja o que chamamos de experiências que estejam acontecendo ou que nós pensamos que estão acontecendo - precisamos entender os dois aspectos das aparências, um é puro, outro é impuro e então temos um terceiro elemento que nós chamamos de aparência da vacuidade, ou aparência vazia.
Aparência pura é a maneira que um ser desperto veria todas as aparências - seria apenas uma manifestação de sua própria natureza. Algo que se veria com visão não dualística, não há mais projeções mentais que aparentam que há alguma coisa aqui percebendo alguma coisa ali, e que essas duas coisas são duas entidades independentes sem qualquer relação entre si.
Aparências impuras são as maneiras que os seres ordinários e de mentes condicionadas percebem, acreditando em suas próprias projeções mentais como verdadeiramente existentes do seu próprio lado, e essas aparências como sendo independentes de quaisquer condições que possam estar nos causando essa maneira de vermos as coisas de maneiras particulares - isso é percepção confusa.
Aparência da vacuidade ou aparência vazia é a habilidade de perceber a verdadeira natureza do que quer esteja aparentando, surgindo, além de toda a fabricação ou condicionamento mental e simplesmente descansar nesse estado de consciência plena.
A cada momento há uma bifurcação do caminho em que nós podemos ou voltar aos nossos hábitos de percepção confusos que geram mais condições para mais confusão e sofrimento ou nós podemos relaxar e simplesmente abraçar a possibilidade der ver as coisas de uma maneira incondicional e além de todas as nossas fixações mentais. Essa maneira incondicional pode nos guiar para a liberação e para um estado genuíno de felicidade e bem-estar.
Assim, a vida torna-se um caminho para a liberação (iluminação)."
(Publicado em 05/07/13, no site anizamba.org e facebook, traduzido por Fabrício)
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Tonglen - Dzongsar Khyentse
Tonglen é uma prática maravilhosa pois ela é uma técnica específica que pode invocar compaixão e bodhichitta. Repetidamente tem sido dito que nosso hábito de auto-cuidado e pensar apenas em nosso próprio bem estar é a fonte de miséria e sabotagem de nosso caminho espiritual, então o método óbvio para conter isso é cuidar dos outros.
O método é simples. Enquanto você expira, dê felicidade, virtude e riqueza materal a todo e cada ser sensciente sem exceção; enquanto inspira, absorva toda dor, sofrimento, problemas, obscurecimentos e pensamento e ações não virtuosos.
A prática de Tonglen é onde começamos a afinar nossa motivação e é talvez a melhor prática para o principiante. Como os grandes mestres Kadampa no passado nos têm dito, repetidamente, a prática da bodhichitta refere-se ao cultivo da atitude de dar todo o ganho e benefício aos outros, e tomar para si toda dor e derrota.
Um dos maiores flagelos sofridos pelas pessoas modernas é uma perda da auto-estima ou sentido saudável de ser. Isso leva alguns novos estudantes a perguntar se tomar o sofrimento dos outros na prática de tonglen poderia gerar neles perda da confiança em si mesmos. Justamente o oposto é real. A atitude que cultivamos como bodhisattvas - de cultivar o oferecimento do melhor de tudo para os outros e voluntariamente aceitar toda perda, sensação desprazerosa ou dificuldade - na verdade apoia nossa confiança e erradicamos completamente a perda de auto-estima.
Shantideva escreveu,
O que é necessário falar mais?
O trabalho infantil por seu próprio benefício,
O trabalho dos Budas pelo benefício dos outros.
Apenas olhe a diferença entre ambos.
Se eu não troco minha felicidade
Pelo sofrimento dos outros,
Não atingirei o estado búdico
E mesmo no samsara não terei real alegria.
De onde vem a baixa auto-estima? Aqueles que a possuem tendem a ter desenvolvido altamente o ego; eles cobiçam ser melhores em tudo e valorizados altamente por quem encontram, imaginam que seu ego está reprimido, fraco e precisam ser encorajados. Entretanto, uma vez que desenvolvemos a atitude de um bodhisattva, temos pequeno ou nenhum ego e então não existirá "eu" para preocupar-se em afastar todas as coisas boas ou estar aborrecido pelas coisas ruins. Aos bodhisattvas falta um "ego" como ponto de referência, e, desse modo, sua confiança continua a crescer, dando até mesmo à idéia de baixa auto-estima nenhuma chance de elevar-se como um lado repulsivo. Então, não tenha medo de aplicar-se na bodhichitta da aspiração de novo e de novo.
(Traduzido do livro "Not for Happyness: A Guide to the So-called Preliminary Practices", de Dzongsar Khyentse Rinpoche, Ed. Shamballa, 2012)
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
A Ilusão da 'Vida'
Naturalmente, se há
nascimento haverá morte
Nascer significa morrer
- não há saída
A menos que você vá
além do nascimento e morte.
Apenas sua própria
natureza não possui tais limitações fabricadas - são elas que
trazem todas as esperanças e medos
Apenas observe os
valores que nós damos a essas duas palavras
NASCIMENTO - a alegria
e as expectativas
MORTE - o desespero da
fatalidade - o medo de deixar ir tudo que conhecemos
Por que não fazer isso
agora - deixar ir, liberar seja o que for - o seu agarrar - ser livre
- tão livre quanto o próprio espaço
Por que não fazer isso
agora? O que impede você de deixar ir - o que há a perder, exceto o
que você acredita - Sua realidade
Mas isso é tão
‘real’? O que torna isso ‘real’? - O fato de que você
acredita nela - Por quê?
Apenas um hábito de
acreditar no que as outras pessoas dizem, no que as outras pessoas
fazem - Então deve ser verdade.
Verdade quanto a quê?
Ao seu nível de confusão?
Será que nós
realmente queremos enxergar a verdadeira natureza incondicionada -
Duvido
Para vê-la como ela é?
- Duvido
A ilusão de como nós
pensamos ser - é muito mais suculenta, saborosa, com todos os seus
detalhes, seus valores, emoções, altos e baixos, esperanças e
temores, e as histórias, aquelas histórias sem fim
A sedução dessa forma
de ver parece bem mais interessante já que isso significa
envolver-se em uma atividade interativa com o mundo dos sentidos - o
mundo aparente 'lá fora' - que parece tão real, tão convidativo
Eu não posso somente
deixar minha forma de ver - deixar a forma com a qual me envolvo com
os sentidos e seus objetos
Como eu poderia saber
que o ‘eu’ existe se não houvesse nenhum ‘outro’ além de
'mim'
‘Eu’ devo estar
aqui para experimentar tudo isso
Parece tão ‘real’
e ‘eu’ me sinto tão ‘real’ -
'Eu' posso ver, 'eu'
posso ouvir, ‘eu’ posso tocar, saborear, cheirar e, claro, 'eu'
posso pensar - faço isso o tempo todo - pensar
Pensar sobre isso ou
aquilo
Como seria bom se eu
obtivesse isso, como seria ruim se eu perdesse isso. E ‘se’
As expectativas que o
‘se’ carrega - aqueles pensamentos
Alguma vez você já
olhou realmente para esses pensamentos?
Apenas um de cada vez -
como ele vai e vem, vai e vem
Pergunte-se de onde ele
vem - aquele espaço?
Onde ele fica quando
está aqui - aquele espaço?
Para onde vai após a
sua ida - aquele espaço?
Pergunte a si mesmo
Não seria aquele o mesmo espaço ou seria um tipo diferente de
espaço?
Aquele movimento, que
aparece como um pensamento realmente tem alguma substância? Ou é
como uma bolha que vem à tona quando a água atinge uma certa
temperatura, ela aparenta existir
Você segura cada bolha
dando-lhe um sentido, aceitando algumas, rejeitando outras - é
apenas água - em êxtase com algumas, deprimido com outras - é
apenas água e sob certas condições, ela aparece como bolhas
Sua natureza é água -
não há necessidade de elaborar ou fabricar quaisquer detalhes e
valores e perder-se em cada surgimento de uma bolha
Bolhas constantes,
essas bolhas, essas aparições são apenas uma exibição de nossa
própria natureza -
Se você não tem apego
e não se agarra a cada aparição, então você pode descansar na
visão - 'TAWA'
Deixar ir os aparentes
objetos dos sentidos é também não alimentar a ilusão da
existência do observador desses objetos
O observador é apenas
uma forma habitual de identificar o que você pensa ser - como uma
espécie de entidade, agente
Algo percebendo algo.
Olhe novamente - e você
vai ver que tudo o que aparece são condições mudando - não há um
momento de solidez do que chamamos de ‘corpo’ e ‘mente’
Olhe, dê uma olhada
profunda e você poderá ver a ilusão de quem você acha que é, e a
ilusão do que você acha que está percebendo como realidade, como
realmente existente.
É tão verdadeiro
quanto você acredita
Quando alguém altera
sua própria percepção
Para apenas descansar
na consciência da consciência, o reconhecimento do saber - então
não há mais envolvimento com os aparentes objetos surgindo dos
sentidos
Não se impede qualquer
atividade dos sentidos, mas não se envolve com ela pois se repousa
na própria consciência. A Consciência percebendo a si mesma
Quanto mais familiar
alguém se torna com ser uma consciência tão vasta quanto o espaço
sem quaisquer limitações - não uma ‘coisa’, uma entidade, mas
uma consciência sem um ‘isto’ ou um ‘aquilo’, um aqui ou um
lá, um ‘você’ ou um ‘eu’
Então se está
começando a experimentar uma possibilidade de ver de uma forma mais
desperta
Enquanto ainda há a
sensação de que há objetos 'lá fora' e algo experienciando-os
aqui - esteja certo, isso é uma ilusão e a essa ilusão chamamos
'vida'.
Para qualquer um que
queira ler.
Escrito na Lua Cheia de
agosto na Toca abaixo de Monte Azul - 3 de agosto de 2012.
Ani Zamba
EM INGLÊS:
quinta-feira, 11 de abril de 2013
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Doenças
por Vidhyadhara Jigme Lingpa
"Doenças são as vassouras que varrem suas más ações.
Vendo as doenças como professores, reze a eles.
Doenças vêm a você pela bondade dos mestres e das Três Jóias.
Doenças são suas realizações, então respeite-as como deidades.
Doenças são os sinais de que seus karmas ruins estão sendo exauridos.
Não olhe para a face de sua doença, mas para aquela (a mente) que está doente.
Não dê lugar às doenças em sua mente, mas coloque sua consciência intrínseca nua acima de sua doença.
Esta é a instrução sobre a doença que surge como o Dharmakaya.
O corpo é inanimado e mente é vacuidade.
O que pode causar dor a uma coisa inanimada ou dano à vacuidade?
Procure de onde as doenças são provenientes, para onde vão, e onde permanecem.
Doenças são meras projeções inesperadas de seus pensamentos.
Quando aqueles pensamentos desaparecem, as doenças dissolvem-se também.
Não há melhor combustível (que doenças) para queimar os karmas ruins.
Não se distraia com uma mente triste ou visões negativas (sobre as doenças),
Mas veja-as como os sinais do declínio de seus karmas ruins, e alegre-se com elas."
Ele escreveu esse texto enquanto extremamente doente, durante seu longo retiro em uma caverna. Depois de escrevê-lo, ele recebeu a transmissão de mente de muitos dos extraordinários ensinamentos que praticamos hoje na tradição Nyingma. O ciclo completo do Longchen Nyingtjig, assim como o Yeshe Lama e vários outros tantras dzogchen, manifestaram-se de sua sublime mente de sabedoria.
(Enviada por Ani Zamba em Dezembro 2012, Monte Azul)
Original em Inglês:
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Ano Novo
O ano novo é o que você faz dele.
O que define o velho do novo - depende de você. Sua mente cria a felicidade ou a infelicidade - não importa quanto eu possa desejar um feliz ano novo - se você continuar a cultivar condições que resultem em experiências negativas ele pode não surgir tão feliz para você.
Toda experiência é gerada em nossas mentes.
Reconheça a natureza da mente e não haverá mais condições para infelicidade e sofrimento. Isso sim seria uma verdadeira causa de felicidade - algo a ser celebrado.
Amor a todos vocês,
Ani Zamba
(Carta escrita em Monte Azul, 29/12/2012)
Original em Inglês:
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