Meditação


fonte: http://dipamkarario.wordpress.com/


Vídeo com ensinamentos dobre meditação (Maceió/2013):






Ensinamento sobre Shamatta


(observe também o ensinamento de Dzongsar Khyentse no link http://www.dharmanet.com.br/khyentse/shamatha.htm)


....... A mente está extremamente agitada porque se encontra condicionada a sempre pegar as informações que passam pelas seis portas dos sentidos (os cinco sentidos normalmente reconhecidos, mais o pensamento). Esta é a forma pela qual a energia está programa para que a consciência capture as informações. Agora, quando tentamos acalmar a mente, percebemos que não é algo tão fácil, que precisamos ser pacientes e perseverar. Devemos nos aproximar bem vagarosa e calmamente, da mesma forma que treinamos um cavalo selvagem. Então, aos poucos, domamos o cavalo e damos a ele uma utilidade.

....... Temos que entender que não temos apenas o nosso corpo físico que podemos ver, mas temos também um corpo de energia sutil que não podemos ver. Esse corpo (de energia) é composto por 72.000 canais de energia que servem de suporte para a nossa respiração, nossa digestão, nossa circulação sangüínea, nosso crescimento, nosso movimento e nosso processo de pensamento. E, para que essa energia flua livremente e com sua máxima eficiência, nós adotamos uma postura específica, ao sentarmos, que nos oferece o apoio que o nosso complexo corpo/mente precisa para ser capaz de relaxar e focar a mente. Precisamos de disciplina e relaxamento, como a base de nossa prática, como ferramentas para um penetrante vislumbre nas funções mais profundas de nossa mente.

Thangka com os estágios de Shamatta

A posição física que adotamos tem 7 pontos:

1. A coluna precisa estar ereta, como se houvesse uma coluna de moedas empilhadas uma sobre a outra.

2. As pernas podem estar tanto posicionadas na postura do lótus, que é difícil para principiantes, quanto no meio lótus, com a direita sobre a esquerda.

3. As mãos podem ser tanto mantidas no mudra formal da meditação (forma onde você descansa a mão direita sobre a esquerda e faz um triângulo em volta do seu umbigo com os seus polegares) quanto pousadas sobre os joelhos.

4. Os ombros devem estar relaxados mas levemente para trás, para abrir o chakra do coração e deixar os ventos fluírem livremente.

5. O queixo deve ficar levemente retraído, posição que ajuda a manter a coluna reta, da base ao topo.

6. A boca fica ligeiramente entreaberta, com os maxilares relaxados e a língua podendo tocar gentilmente o palato ou descansar sem tocar o céu da boca (depende da prática).

7. Os olhos devem ser mantidos numa posição, da qual eles como que observem a ponta do nariz. Então colocamos um objeto à nossa frente e focamos nosso olhar a meio caminho entre nós e o objeto, como se estivéssemos focando o espaço, mas mantendo uma posição estável que não permite que os olhos se movam.

Postura - Maceió retiro com Ani Zamba no Sítio Carababa

....... Eu aconselho que encontrem uma almofada, que nãos seja nem alta nem baixa. Uma almofada confortável é como um Mercedes Benz. Ela proporciona uma viagem agradável e confortável e remove a fadiga de permanecer sentado, caso a pessoa não tenha nenhuma experiência prévia de meditar, utilizando uma postura formal.

....... Então, utilizamos a nossa respiração como suporte para nossa prática de nos mantermos relaxados. Começamos por nos focarmos gentilmente no nosso processo de respiração enquanto o ar entra e sai do corpo. Primeiro, colocamos nossa atenção na entrada de nossas narinas, como se tivéssemos colocado lá um porteiro para observar os convidados que entram e saem. O porteiro não abandona seu posto, ele nem entra, nem sai com os convidados, apenas fica sentando, enquanto observa os convidados entrarem e saírem. Assim, nos mantemos cônscios e atentos ao nosso processo de respiração, a cada instante, sem sermos distraídos pelos objetos que surgem aos nossos sentidos.

....... Mantendo o foco na respiração, caso venhamos a nos distrair, gentilmente trazemos nossa atenção de volta para a respiração, quantas vezes forem necessárias.

....... No começo da prática, devemos nos esforçar, uma vez que a energia é muito agitada. Então, para nos ajudar a manter o foco, podemos contar a respiração. Fazemos isso contando cada ciclo de inspiração e expiração como uma unidade. Então, devagar, contamos até 21 respirações. Caso percamos a nossa atenção e venhamos a nos perder na contagem, recomeçamos novamente até que possamos nos manter focados, sem nenhuma distração, durante as 21 respirações.

....... Outra forma de fazermos isso é dizermos mentalmente: inspirando e expirando, até que percebamos que podemos manter nossa atenção em um ponto, sem muita distração.

....... Para principiantes, é importante praticar bastante, através de curtas sessões - 30 segundos aqui, 30 segundos ali - , ao longo do dia, até que nossa atenção possa relaxar cada vez mais na respiração e a mente torne-se cada vez mais calma.

....... Não devemos fomentar nenhuma expectativa em relação à prática pois, com isso, corremos o risco de criarmos esperanças e medos, o que não permite à mente relaxar e estar presente no momento.

....... Agora, a nossa mente assemelha-se a um macaco selvagem. Não podemos utilizá-la no seu máximo potencial pois ela está sempre pulando de um objeto para outro. Então precisamos domar esse macaco selvagem através da atenção sobre a respiração, várias e várias vezes. Então, pouco a pouco, perceberemos que ela está sob nosso controle e poderá ser utilizada de forma extremamente benéfica e eficiente para beneficiar a nós mesmos e aos outros. Vocês podem começar desta forma e mais tarde eu irei expandir a prática.

....... É bom alternar entre a disciplina de focar a mente, utilizando um objeto, e deixá-la completamente relaxada, sem nenhum objeto. Aqui, faço uma analogia sobre o ato de nos sentarmos, às margens de um rio, para vermos a água passar. Imagine que existem muitas folhas na superfície do córrego e, assim que elas se aproximam, nós a observamos de forma bastante desapegada. Não tentamos pegar nenhuma delas, julgá-las, compará-las: - esta é melhor que aquela. Buscamos apenas observar, de uma forma bastante aberta, o fluxo constante dos eventos mentais, assim como eles surgem e passam, a cada momento, não nos envolvendo com ou criando nenhuma das condições que estão em constante mudança. Simplesmente deixamo-las ser como são, em constante mudança, enquanto surgem e desaparecem.

.......Então, alternamos entre nos forcarmos na respiração por curtos períodos (talvez 21 respirações sem distração) e então descansamos a mente em sua abertura por alguns instantes, para em então começarmos mais uma vez.

....... Assim, aos poucos, o ambiente de nossa prática irá desenvolver-se para um ambiene que é tanto relaxado quanto atento.

Quaisquer dúvidas e esclarecimentos estamos à disposição em nossas reuniões semanais.