terça-feira, 18 de março de 2014

Amor

É muito difícil aprender a amar. Caso haja algum objeto de fascinação, ou algum tipo de sonho ou promessa, você pode apaixonar-se. Mas amar é muito difícil se isso significa simplesmente dar amor sem esperar nada em troca. Só podemos nos apaixonar se acreditarmos que se realizarão nossas expectativas. Na maioria dos nossos relacionamentos amorosos nosso amor é condicional. É mais uma transação que o amor autêntico.

(De  Chögyam Trungpa, “Planting the Moon of Bodhi in Your Heart”, segundo volume de The Profound Treasury of the Ocean of Dharma, páginas  97–98).


Em Inglês:

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O caminho para além do sofrimento - Ven. Zamba Chözom


"A partir da perspectiva dos ensinamentos Budistas, quatro profundas verdades nos são ensinadas a respeito do sofrimento. A primeira é que nesta vida sofrer é inevitável. A segunda, que o sofrimento tem causas específicas, não é aleatório. Terceira, que pode haver genuinamente um final para este sofrimento; podemos ir além dele. Quarta, a transcendência do sofrimento também tem causas específicas. Gerar essas causas é o que chamamos "o caminho". Este é conhecido como o caminho que leva para além do sofrimento, o caminho da liberação, o caminho da iluminação e assim por diante. Em outras palavras: assim como o sofrimento tem causas, a transcendência também as tem; ela também não é aleatória.

No contexto do caminho espiritual do Budismo, a transcendência do sofrimento não significa apenas que nosso sofrimento relativo cessa e nós atingimos um estado contínuo de relativa felicidade. Significa que nós transcendemos as causas e condições que obscurecem a verdadeira natureza da mente e atingimos o estado de pleno despertar. "

(Trecho do livro "A Dança das Emoções" da Ven. Zamba Chözom, pág. 20/21)*

*Em Maceió pode ser adquirido através do telefone: (82) 9101-6716 ou e-mail: dipamkaramaceio@gmail.com.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O que é um "praticante do Dharma"? - SS. Dilgo Khyentse

 

Em geral, o termo "praticante do Dharma" quer dizer uma pessoa capaz de lidar com todos os tipos de circunstâncias, boas e más, e que considera até mesmo as piores experiências como catalisadores para ajudar a progredir na sua prática.

As circunstâncias em que nos encontramos realmente devem aclarar nossa prática, nossas experiências e nossa realização, e devemos ser capazes de compreender todas as situações, favoráveis ou não, como ensinamentos sobre o caminho.

Os obstáculos que podem surgir de boas e más circunstâncias nunca devem nos impedir ou nos dominar. Devemos ser como a terra, que sustenta todos os seres vivos, sem levar em conta distinções entre bom ou ruim, favorável ou desfavorável. A terra simplesmente permanece. Quando confrontados com situações difíceis, um médico deve usá-las como uma oportunidade para fortalecer sua prática, assim como o vento forte, ao invés de extinguir a fogueira, intensifica-a e é a causa para que brilhe ainda mais intensamente.

(Trecho do livro The Wishfulfilling Jewel, de SS. Dilgo Khyentse Rinpoche)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Parando de pedalar - Anam Thubten



"Meditação é sobre descansar completamente. Não apenas fisicamente mas de modo completo. Descanso completo inclui deixar ir todas as formas de esforço mental. A mente está sempre ocupada fazendo algo. A mente tem um enorme trabalho a fazer. Ela tem que manter o universo. Tem que manter a existência, porque se nossa mente desmorona, então não há universo. Justamente como o Buda disse, "Nada é real. Não há Nirvana. Não há samsara. Não há sofrimento. Não há aprisionamento." Não existe nada lá quando a mente para de manter esta realidade virtual. Não há universo. 

É como pedalar uma bicicleta. Quando você pedala uma bicicleta você tem que manter isso constantemente. Se você pausa ou pára de pedalar, a bicicleta não anda sozinha. Ela apenas tomba. Da mesma forma, à medida que não criamos esse mundo imaginário, essa realidade imaginária, então ela desmorona. Quer você  você chame isso de samsara, realidade ou ilusão, ela desmorona. Ela desaba porque não há alguém trabalhando constantemente para perpetuá-la. 

Por causa desse fato, a mente sente ter uma grande responsabilidade. Sente ter que constantemente construir e perpetuar esse mundo de ilusões. Então, descansar significa pausar, pausar o trabalho pesado, pausar a contínua construção e perpetuação deste mundo de ilusões, o mundo dualista, esse mundo baseado na separação entre eu e outro, seu e meu, bom e mau. 

Quando você retira a mente egóica, o criador deste mundo ilusório, então a realização já está lá e a verdade é percebida automaticamente. Desse modo, o cerne da prática budista de meditação é relaxar e descansar."

(Trecho do livro No Self, No Problem, de Anam Thubten, Ed. Snow Lion, págs. 13 e 14. Trad. Wilton)