sexta-feira, 18 de março de 2011

Trabalhar com a confusão

Detalhe da "roda da vida", o Buda.
 "Caros amigos,


Sentar em um centro em Salvador, em uma área muito barulhenta da cidade, parece muito diferente de sentar em uma rocha, olhando os montes e vales do Dipamkara. Porém, na realidade, não se trata da localização, mas de como podemos realmente ser de benefício aos outros.

Como podemos conduzir nossas vidas de modo a eliminarmos as condições que recriam a confusão e o sofrimento, não apenas para nós mesmos mas também para todos os seres? Trabalhar com a confusão é o caminho. Algumas vezes esquecemos, e pensamos que o caminho é sobre como, onde e quanto tempo estamos sentados, ou, talvez, como estamos vestidos quando sentados. Os mudras que conhecemos, o número de mantras que tenhamos feito, as iniciações tomadas. Os gurus que encontramos.

Eu sempre digo que não se percam na elaboração. É tão fácil fazer isso. Olhem para os elementos essenciais do caminho e mantenham-se nesse rumo. Portanto, o que são esses? Claro que nossa mente, já que ela é a fonte de todas as nossas experiências.

Nada acontece em nossa vida sem a interpretação da mente, isso está acontecendo a cada momento. Essa interpretação gera as subidas e descidas em nossa vida, dependendo se nossa idéia e interpretação das condições é boa ou má, e se acreditamos em nossa interpretação como a realidade da situação. Esse é modo como isso ocorre. Todos fazemos isso constantemente, perdendo-nos em nossas projeções, que é o significado de Samsara, o qual é o mecanismo de nossa psicologia do ego e suas projeções. Então, o que é o Nirvana? É enxergar a natureza dessas projeções, para que nossa visão não fique mais distorcida pelos nossos hábitos dualísticos de percepção. Nós podemos simplesmente repousar na verdadeira natureza dos fenômenos.

Então, apreciamos as constantes mudanças nas aparências, mas estamos liberados de nossos hábitos de reação e investimento naquelas aparências, dando a elas conteúdo e significado, ou qualquer substância, que, na verdade, de seu próprio lado, elas não têm. Quanto mais vemos a natureza vazia de nossas projeções, mais enxergamos a natureza vazia do self que as percebe. Lembre-se que, a fim de que exista um objeto, é necessário um sujeito que o perceba.  Se o sujeito não tem nada com o que jogar, qual o propósito de ter um sujeito ou percebedor? Isso é porque acreditamos em nossas projeções, de outro modo essa idéia de self não teria poder, sem resposta, sem referência, sem condições para essa ilusória e aparente existência.

Então, qual a diferença entre uma rua da cidade barulhenta e uma visão de montes e vales, já que ambas são apenas nossas projeções? Se a mente está agitada e confusa, então a forma que vemos aquele belo vale talvez esteja distante de ser tranquila. Enquanto, se nossa mente está calma e clara, aquela rua barulhenta talvez seja o mais calmo e pacífico lugar da terra – depende de você – a maravilha do caminho é que você começa a ver que pode escolher sua realidade, já que nada é fixo, nada é sólido, tudo é sua projeção e como ela é sua você pode trabalhar com ela.

Você não precisa ser uma vítima das circunstâncias mutáveis, você poderia ser um guerreiro que ressurge para os constantes desafios como um meio de aprofundar a própria compaixão e sabedoria. Como isso está expresso nos ensinamentos: a compaixão é a espontânea atividade da sabedoria. O que isso poderia significar? Que, quanto mais podemos estar mentalmente em descanso, sem nos perdermos em nossa fabricação mental, então, naturalmente, agiremos do espaço da consciência, nossa própria natureza de sabedoria. Enxergaremos todas as condições que os seres senscientes criam para aprisionar a si mesmos, através da infindável fabricação mental, e, também, veremos o caminho para eliminar a confusão.

O caminho é muito hábil, ele usa a fabricação mental para ir além dela mesma –  é importante saber o que estamos fazendo, e o porquê de estarmos fazendo isso. Então, supostamente, agora estamos usando a fabricação mental, de forma habilidosa, como o caminho. Em vez de constantemente nos perdermos, usaremos nossas tendências habituais para trabalhar para nós, e não nos impedir de ver  ou obscurecer nossa visão, mas habilitando-nos a ver como a fabricação mental funciona. De modo que, ao vermos a forma como o artifício trabalha para criar a ilusão, e uma vez que enxergamos isso, não mais estamos fascinados, e, então, não é necessário investir do mesmo jeito que faziamos, quando acreditávamos naquela aparência como algo tão real, tão verdadeiro. É a analogia do cinema: se você sabe que isso é um filme, você não investirá mentalmente do mesmo modo à medida que você percebe o que está realmente acontecendo.

Em algum lugar, no fundo de sua mente, você sabe que isso é apenas um filme, só uma ilusão. Desse modo, o jeito que você enxerga torna-se muito iluminado e mais divertido. Você não acha? Você tem uma escolha, se quiser acreditar nisso. Você também tem a possibilidade de se afastar, como se as coisas fossem reais, e, então, não existem meios de trabalhar com elas. Desculpe as divagações. Amor a todos, Ani Zamba"

(Mensagem enviada por Ani Zamba ao yahoogroups em 17.08.2005 )

Original em inglês:


Dearest Friends,

I hope everyone is in good health.Now in Salvador with internet access só this gives me a chance to write to you more often. Firstly I want to say thank you all for supporting our group and being so patient sometimes when I cannot write or keep you informed or even put out anything much of
interest for you all to read, but it¹s good to know your all out there .

I believe Leo informed you of our new bank account number here in Brazil só from now on please if you wish to make a donation do not send any money to the Bradesco account only to the Bank of Brazil account unless it is a donation for my personal needs.Those of you living in Hong kong and
elsewhere it is better if you continue to use the HSBC Power Vantage Account as it saves all the transference costs and I can withdraw money from a machine with global access Sitting in the centre in Salvador in a very noisey area of the city seems só different than sitting on a rock looking out across the hills and valleys of Dipamkara but really it¹s not about the location but how we can really be of benefit to others.

How we can lead our lives so that we can eliminate the conditions that recreate the confusion and suffering of not only ourselves but all beings Working with confusion is the Path sometimes we forget and think the Path is about how we¹re sitting or where we¹re sitting or how long we¹re sitting for or maybe what we¹re wearing when we¹re sitting.The mudras we know the number of mantra we¹ve done, the empowerments we¹ve taken.

The gurus we¹ve met. I always say don¹t get lost in the elaboration it¹s so easy to do. Look at the essential elements of the path and keep on track. So what are these, of course our mind as the mind is the source of all our experience. Nothing happens in our life unless our mind interprets it to be happening in such and such way. This interpretation brings us our ups and are downs in life depending if we think and interpret the conditions to be ³good² or ³bad¹ and believing in our interpretation to be the reality of the situation ³that¹s the way it is² We all do this constantly getting lost in our projections that is the meaning of OSamsara²which is the mechanism of our ego psychology and it¹s projections. So then what is ³Nirvana² it¹s seeing the nature of these projections then our view is no longer distorted by our dualistic habits of perception. We can just rest in the nature of the phenomena-the ³as it isness².

We then appreciate the constantly changing appearances but we¹re liberated from our habits of reaction and investing in those appearances giving them content and meaning or any substance that actually from their own side they do not have.The more we see the empty nature of our projections the more we see the empty nature of the self that is perceiving them. Remember that in order to have an object one needs a subject to perceive it If the subject has nothing to play with what¹s the purpose of having a subject or perceiver. This is why we have to believe in our projections otherwise this idea of self has no power no feedback no reference no conditions for it¹s illusory and apparent existence.

So then what¹s the difference between a noisey city street or a view of hills and valleys as both are just our projections. If the mind is agitated and confused then the way we see that beautiful valley maybe far from peaceful. Whereas if our minds are calm and clear that noisey city street maybe the most calm and peaceful place on earth-it¹s up to you-the wonder of the path is that you begin to see you can choose your reality as nothing is fixed, nothing is solid it¹s all your projection and as it¹s yours you can work with it .You no longer need to be a victim of changing circumstances you could be a warrior that rises to the constant challenges as a means to deepen one¹s compassion and wisdom. As it is expressed in the teachings Compassion is the spontaneous activity of Wisdom. What might that mean-..That the more we can be mentally at rest without getting lost in all our mental fabrication then naturally we will act from the space of awareness our own wisdom nature. We will see all the conditions that sentient beings create to imprison themselves through endless mental fabrication and we will also see the path to eliminate the confusion.

The Path is so Skillful it uses mental fabrication to go beyond mental fabrication-it¹s important to know what we¹re doing and why we¹re doing it. So supposedly now we¹re using mental fabrication skillfully as the path instead of constantly getting lost we¹re going to utilize our habitual tendancies to work for us and not prevent us from seeing or obscure our view but to enable us to see how mental fabrication functions then when we see how the trick works to create the illusion once we see we are no longer fascinated, so we no longer need to invest in the same way as we did when we believed in what appeared to us as something so real, so true The analogy of the cinema if you know it¹s a movie you will not mentally invest in the same way as if you think it¹s actually happening.

Somewhere in the back of your mind you know it¹s just a movie it¹s just an illusion só the way you see becomes much lighter more playful. Don¹t you think? You have a choice whether you want to believe it you also have the possibility of walking out where as if it was real then there¹s no way to work with it. Sorry about rambling on-love to you all Ani Zamba

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