segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Chave para a felicidade



"Caros amigos, próximos e distantes,

Saudações a todos neste Dia do Guru Rinpoche. Espero que estejam todos saudáveis e felizes.

Todos queremos ser felizes. Este é o nosso objetivo fundamental na vida, certo? Mas muitas vezes achamos difícil de conseguir. Quando não sabemos como lidar com nossas próprias emoções e nossa mente, então, às vezes, a vida pode se tornar muito cansativa e depressiva. Acima disso, a maioria de nós está tão ocupada nos dias de hoje, o que nos torna ainda mais estressados e tensos. Então aqui eu gostaria de compartilhar com vocês três maneiras simples que me ajudam a lidar com minhas emoções, e, assim, dão conforto.

1. Criar um espaço

Nesses dias temos tantas coisas para pensar: nossa saúde, nossa família, nosso trabalho, e, se você é um praticante do dharma, então, acima de tudo, você tem a meditação e prática do Dharma para se preocupar. Quando não sabemos como lidar com elas, essas preocupações podem fazer nossas mentes começarem lentamente a contrairem-se, tornando-se mais e mais estreitas, e, como conseqüência, mais negativas. Às vezes as coisas começam a oprimir-nos, e sentimo-nos presos fisicamente. Sentimos o peito apertado, e, então, soltamos um grande suspiro, numa tentativa de aliviar-nos desses sentimentos. Isso acontece às vezes. Um pequeno problema pode vir a parecer tão grande que não podemos lidar com ele de qualquer forma.

Uma boa maneira de lidar com isso é criar espaço mental. Ele ajuda a aliviar a tensão e nervoso em sua mente e em seu corpo também. Criar espaço é um método muito simples. Não é um ensinamento budista ou qualquer coisa assim. É simplesmente uma técnica que podemos aplicar para nos dar espaço, liberdade e alívio de todos os nossos pensamentos preocupantes.

Como criar espaço? Quando você tem alguns minutos, olhar à sua frente e simplesmente imaginar que você está cercado por um espaço vazio em todas as direções. Às vezes, é útil olhar para o céu vazio. Basta imaginar o espaço em toda parte: sem paredes, sem limites, sem prédios, nada.  E não comece a pensar sobre o trabalho, família, e coisas que você precisa fazer.

Basta imaginar que tudo é exatamente como o vasto, aberto céu, como o espaço vazio, e deixar sua mente misturar-se ao espaço, de modo que se torne muito vasta e aberta. Você pode fechar seus olhos, se isso ajuda. Imagine este espaço por um tempo curto. Após um minuto ou dois, você realmente começará a sentir espaço mentalmente. Seu peito se abrirá e você vai se sentir aliviado de todas aquelas tensões e pensamentos que estavam invadindo você a poucos minutos. Sua mente abre-se, e, em seguida, sua maneira de pensar muda, apenas com aquilo. Demora apenas cinco ou dez minutos e é tão fácil -  é a magia de criar espaço. Você não tem que acreditar em mim. Tente você mesmo e você verá.

2. Conhecendo suas próprias falhas e reduzindo julgamentos

Todos queremos ser felizes, certo? Sim ou não? Mas com o que nossa mente está  ocupada na maioria do tempo? Emoções negativas, julgamentos negativos e pensamentos negativos. Olhe para sua própria mente, e veja o padrão de emoções. Quantos deles são negativos? Você alguma vez já tinha dado a isso um momento de reflexão?

Então, o que você precisa fazer primeiro é reconhecer seus padrões de pensamento, suas emoções negativas e a forma como eles surgem, a forma como diferentes sentimentos surgem. Reconheça, perceba, mas não julgue. Há uma grande diferença entre perceber e julgar. Perceber é simplesmente reconhecer e tornar-se consciente de algo: "Oh, sim, eu tenho um problema com ciúme." Mas o julgamento vai um passo além, um passo longe demais, e começa a criticar: "Oh, sim, eu tenho um problema com o ciúme . Oh meu Deus, eu sou uma pessoa tão má. Eu não posso acreditar que eu cometi esse erro! Oh, eu me sinto tão terrível. Eu não posso suportar isso!...." Você vê a diferença? Julgamento tem esses laços emocionais,  enquanto perceber não os possui. Portanto, tente simplesmente observar suas faltas e não julgar.

O problema hoje em dia não é que as pessoas não estão fazendo o dharma ou outra prática espiritual e tentando melhorar. O problema hoje é que nós não percebemos e aceitamos nossas próprias faltas; assim, então, é claro que não melhoramos, não importa o quanto possamos tentar. É um pouco como tomar remédio para uma doença quando você não sabe nem mesmo qual doença você tem. Então, por favor dê  a isso  um momento de reflexão. Olhar honestamente para si mesmo e reconhecer suas próprias falhas e erros.

3. Compaixão e bondade amorosa

A terceira chave que eu gostaria de mencionar aqui é ter compaixão e bondade amorosa. Tradicionalmente falando, nos ensinamentos do Buda, a compaixão é definida como o desejo de que os seres estajam livres do sofrimento e da causa do sofrimento, e a bondade amorosa é o desejo de que os seres tenham felicidade e suas causas. Aqui, porém, eu gostaria de explicar a compaixão como significando um conhecimento básico ou empatia pelos outros, e a bondade como significando um bondoso e amável coração.

Compreender é tão importante. Por exemplo, para uma família ser feliz e harmoniosa os pais precisam entender seus filhos, serem capazes de ver as coisas do seu ponto de vista, e os filhos também precisam entender seus pais. É o mesmo em todas as situações, no escritório, outros relacionamentos, e assim por diante. Precisamos compartilhar uns com os outros, conhecer bem uns aos outros, e aprender a olhar para as coisas da perspectiva dos outros, precisamos nos colocar em seus sapatos. Se alguém está gritando com você, você acha que ele está feliz? Você acha que ele está gostando disso? Não, ele está chateado, estressado e com raiva, e mais tarde ele poderia muito bem sentir muito arrependimento pelo que está fazendo agora. Sim, muitas pessoas cometem erros, mas você acha que eles fazem isso intencionalmente? Você acha que eles fazem isso porque eles estão felizes? Não. Então tente entender isso, ao invés de reagir com mais raiva e julgamento do seu lado. Se você puder fazer isso, você vai sentir compaixão.

Outro aspecto da compaixão é que se você vir a compreender seus próprios problemas, e ganhar um pouco de liberdade a partir deles, naturalmente, a compaixão para com os outros surgirá. Por outro lado, quando você não perceber claramente seus próprios problemas, em primeiro lugar, e souber o sofrimento que você tem, então, como você pode ter compaixão pelos outros? Como você pode desejar que os outros sejam livres desse sofrimento, sofrimento que você sequer reconhece claramente em si mesmo? Então, primeiro você precisa ver o seu próprio problema. Como? Quando você cria o espaço, a primeira chave, e ganha alguma liberdade do seu stress e do ataque de pensamentos, você vê que está saindo dali, você vê os benefícios e como você se torna mais feliz. A partir do primeiro ponto, a criação de espaço, você pensa, "Oh, meu chefe, coitado. Se ele soubesse que com este método ele estaria em um lugar muito melhor do que está agora. Pobre rapaz. "

Quando você tem esse tipo de compaixão, sua mente torna-se mais e mais solta. Quando você foca mais nos outros, indiretamente você está reduzindo seu foco em  seu ego e, como resultado, em seguida, sua mente torna-se mais e mais relaxada, mais expansiva e mais inteligente. Você pode compartilhar estes três pontos com todos. Isso vai beneficiá-los, e não prejudicá-los. Então, essas são as três chaves para ser feliz.

Enviando-lhes  muito amor e carinho.
Sarva Mangalam,
Phakchok Rinpoche"

Original em Inglês:


Dear Friends Near and Far,

Greetings to you all on this Guru Rinpoche Day. I hope you've all be healthy and happy.

We all want to be happy. This is our fundamental aim in life, right? But often we find it difficult to achieve. When we don’t know how to deal with our own emotions and our mind then sometimes life can become very tiring and depressing. On top of that, most of us are so busy these days, which makes us even more stressed and uptight. So here I would like to share with you three simple ways that helps me deal with my emotions and thus gives me comfort.

1. Creating Space
 
These days we have so many things to think about: our health, our family, our work, and if you’re a dharma practitioner, then on top of all that you have meditation and dharma practice to worry about. When we don’t know how to deal with them, these worries can make our minds start to slowly shrink, becoming more and more narrow, and as a consequence more and more negative. Sometimes things start to overwhelm us and we feel trapped physically. Our chest feels tight and then we let out a big sigh in an attempt to relieve ourselves of these feelings. That happens sometimes. A small problem can come to seem so big that we can’t deal with it at all.

A really good way to deal with this is to create space mentally. It helps relieve the tension and uptightness in your mind and in your body as well. Creating space is a very simple method. It’s not a Buddhist teaching or anything like that. It’s simply a technique we can apply to give ourselves space and freedom and relief from all our worrisome thoughts.

How to create space? When you have a few minutes, look ahead of you and simply imagine that you’re surrounded by empty space in all directions. Sometimes it is useful to look at the empty sky. Just imagine space everywhere: no walls, no boundaries, no buildings, nothing. And don’t start thinking about work, family, things you need to do. Simply imagine that everything is just like the vast, open sky, like empty space, and let your mind blend into the space so that it becomes just as vast and open. You can close your eyes if that helps. Imagine this spaciousness for a short while. After a minute or two you’ll start to really feel spacious mentally. Your chest will open up and you’ll feel relieved of all those tensions and thoughts that were crowding in on you just a few minutes ago. Your mind opens up and then your way of thinking changes, just like that. It takes just five or ten minutes and is so easy—that is the magic of creating space. You don’t have to believe me. Try it for yourself and you’ll see.

2. Knowing your own faults and Reducing Judgment
 
We all want to be happy, right?  Yes or no? But what is our mind occupied with most of the time?  Negative emotions, negative judgments, and negative thoughts. Look at your own mind and see the pattern of emotions. How many of them are negative? Have you ever before given this a moment’s thought?

So what you need to do first is to recognize your thought-patterns, your negative emotions and the way they arise, the way different feelings arise. Recognize, notice, but Don’t Judge. There’s a big difference between noticing and judgment. Noticing is simply recognizing and becoming aware of something: “Oh, yes, I have a problem with jealousy.” But judgment goes one step further—a step too far—and starts criticizing: “Oh, yes, I have a problem with jealousy. Oh my God, I’m such a bad person. I can’t believe I made that mistake! Oh, I feel so awful. I can’t bear it!....” Do you see the difference? Judgment has these emotional ties whereas noticing does not. So try to simply notice your faults and not judge.

The problem nowadays is not that people are not doing dharma or other spiritual practice and trying to improve.  The problem nowadays is that we don’t notice and accept our own faults; so then of course we don’t improve, no matter how we might try. It’s a bit like taking medicine for an illness when you don’t even know what illness you have. So please give this a moment’s thought. Look honestly at yourself and acknowledge your own faults and mistakes. 

3. Compassion and Loving Kindness
 
The third key I’d like to mention here is having compassion and loving-kindness. Traditionally speaking, in the Buddha’s teaching, compassion is defined as the wish for beings to be free from suffering and the cause of suffering and loving kindness is the wish for beings to have happiness and the cause of happiness. Here though, I’d like to explain compassion as meaning a basic understanding or empathy for others and loving kindness as meaning a good, kind heart.

Understanding is so important.  For example, in order for a family to be happy and harmonious the parents need to understand their children, be able to see things from their point of view, and the children also need to understand their parents. It’s the same in all situations, in the office, other relationships and so on. We need to share with each other, get to know each other well, and learn to look at things from others’ perspectives; we need to put ourselves in their shoes. If somebody is shouting at you, do you think he’s happy? Do you think he’s enjoying that? No, he’s upset, stressed, and angry, and later on he might well feel a lot of regret for what he’s doing right now. Yes, many people make mistakes, but do you think they do so intentionally? Do you think they do so because they’re happy? No. So try to understand that instead of just reacting with more anger and judgment from your side. If you can do that, you’ll feel compassion.

Another aspect of compassion is that if you come to understand your own problems and gain some freedom from them, naturally compassion towards others will arise. On the other hand, when you don’t clearly notice your own problems in the first place and know what suffering you have then how can you have compassion for others? How can you wish others to be free from that suffering, suffering that you don’t even recognize clearly yourself? So first you need to see your own problem. How? When you create space, the first key, and gain some freedom from your stress and the onslaught of thoughts, you see what you’re getting out from, you see the benefits of how you become happier. From just the first point, creating space, you think, “Oh, my boss, poor guy. If he knew this method he would be in a much better place than he is now. The poor guy.”

When you have this kind of compassion, your mind becomes more and more loose. When you focus more on others, indirectly you’re reducing your focus to your ego and as a result your mind then becomes more and more relaxed, more expansive and then more intelligent. You can share these three points with anyone. It’s going to benefit them, not harm them. So these are the three keys to be happy.

Sending you all much love and affection.

Sarva Mangalam,

Phakchok Rinpoche  

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