quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A Ilusão da 'Vida'


Naturalmente, se há nascimento haverá morte

Nascer significa morrer - não há saída

A menos que você vá além do nascimento e morte.

Apenas sua própria natureza não possui tais limitações fabricadas - são elas que trazem todas as esperanças e medos

Apenas observe os valores que nós damos a essas duas palavras

NASCIMENTO - a alegria e as expectativas

MORTE - o desespero da fatalidade - o medo de deixar ir tudo que conhecemos

Por que não fazer isso agora - deixar ir, liberar seja o que for - o seu agarrar - ser livre - tão livre quanto o próprio espaço

Por que não fazer isso agora? O que impede você de deixar ir - o que há a perder, exceto o que você acredita - Sua realidade

Mas isso é tão ‘real’? O que torna isso ‘real’? - O fato de que você acredita nela - Por quê?

Apenas um hábito de acreditar no que as outras pessoas dizem, no que as outras pessoas fazem - Então deve ser verdade.

Verdade quanto a quê? Ao seu nível de confusão?

Será que nós realmente queremos enxergar a verdadeira natureza incondicionada - Duvido

Para vê-la como ela é? - Duvido

A ilusão de como nós pensamos ser - é muito mais suculenta, saborosa, com todos os seus detalhes, seus valores, emoções, altos e baixos, esperanças e temores, e as histórias, aquelas histórias sem fim

A sedução dessa forma de ver parece bem mais interessante já que isso significa envolver-se em uma atividade interativa com o mundo dos sentidos - o mundo aparente 'lá fora' - que parece tão real, tão convidativo

Eu não posso somente deixar minha forma de ver - deixar a forma com a qual me envolvo com os sentidos e seus objetos

Como eu poderia saber que o ‘eu’ existe se não houvesse nenhum ‘outro’ além de 'mim'

‘Eu’ devo estar aqui para experimentar tudo isso

Parece tão ‘real’ e ‘eu’ me sinto tão ‘real’ -

'Eu' posso ver, 'eu' posso ouvir, ‘eu’ posso tocar, saborear, cheirar e, claro, 'eu' posso pensar - faço isso o tempo todo - pensar

Pensar sobre isso ou aquilo

Como seria bom se eu obtivesse isso, como seria ruim se eu perdesse isso. E ‘se’

As expectativas que o ‘se’ carrega - aqueles pensamentos

Alguma vez você já olhou realmente para esses pensamentos?

Apenas um de cada vez - como ele vai e vem, vai e vem

Pergunte-se de onde ele vem - aquele espaço?

Onde ele fica quando está aqui - aquele espaço?

Para onde vai após a sua ida - aquele espaço?

Pergunte a si mesmo Não seria aquele o mesmo espaço ou seria um tipo diferente de espaço?

Aquele movimento, que aparece como um pensamento realmente tem alguma substância? Ou é como uma bolha que vem à tona quando a água atinge uma certa temperatura, ela aparenta existir

Você segura cada bolha dando-lhe um sentido, aceitando algumas, rejeitando outras - é apenas água - em êxtase com algumas, deprimido com outras - é apenas água e sob certas condições, ela aparece como bolhas

Sua natureza é água - não há necessidade de elaborar ou fabricar quaisquer detalhes e valores e perder-se em cada surgimento de uma bolha

Bolhas constantes, essas bolhas, essas aparições são apenas uma exibição de nossa própria natureza -

Se você não tem apego e não se agarra a cada aparição, então você pode descansar na visão - 'TAWA'

Deixar ir os aparentes objetos dos sentidos é também não alimentar a ilusão da existência do observador desses objetos

O observador é apenas uma forma habitual de identificar o que você pensa ser - como uma espécie de entidade, agente

Algo percebendo algo.

Olhe novamente - e você vai ver que tudo o que aparece são condições mudando - não há um momento de solidez do que chamamos de ‘corpo’ e ‘mente’

Olhe, dê uma olhada profunda e você poderá ver a ilusão de quem você acha que é, e a ilusão do que você acha que está percebendo como realidade, como realmente existente.

É tão verdadeiro quanto você acredita

Quando alguém altera sua própria percepção

Para apenas descansar na consciência da consciência, o reconhecimento do saber - então não há mais envolvimento com os aparentes objetos surgindo dos sentidos

Não se impede qualquer atividade dos sentidos, mas não se envolve com ela pois se repousa na própria consciência. A Consciência percebendo a si mesma

Quanto mais familiar alguém se torna com ser uma consciência tão vasta quanto o espaço sem quaisquer limitações - não uma ‘coisa’, uma entidade, mas uma consciência sem um ‘isto’ ou um ‘aquilo’, um aqui ou um lá, um ‘você’ ou um ‘eu’

Então se está começando a experimentar uma possibilidade de ver de uma forma mais desperta

Enquanto ainda há a sensação de que há objetos 'lá fora' e algo experienciando-os aqui - esteja certo, isso é uma ilusão e a essa ilusão chamamos 'vida'.

Para qualquer um que queira ler.

Escrito na Lua Cheia de agosto na Toca abaixo de Monte Azul - 3 de agosto de 2012.

Ani Zamba

EM INGLÊS:


The illusion of ‘life’
Of course if there is birth there will be death
Being born means to die – no escape
Unless you go beyond birth and death
Only your own nature has no such fabricated limitations – they bring all the hopes and fears
Just look at the values we give these two words
BIRTH – the joy and expectations
DEATH – the despair of fatality – the fear of letting go of everything we know
Why not do that now – let go, release whatever it is – your holding on to – be free – as free as space itself
Why not do that now? What’s stopping you from letting go – what’s there to lose, except what you believe in – Your reality
But is it so ‘real’? What makes it ‘real’?-
The fact that you believe in it – Why?
Just a habit of believing what other people say, what other people do – So it must be true.
True to what? To their level of confusion?
Do we really want to see the true unconditioned nature – I doubt it
To see it as it is? – I doubt it
The illusion of how we think it is – is far more juicy, tasty with all its details, its values, emotions, ups and downs, hopes and fears, and those stories, those endless stories
The seduction of this way of seeing seems far more interesting as this means involvement busyness interaction with the world of the senses – the seeming world ‘out there’ – that seems so real, so inviting
I can’t just leave the way I see – to leave how I engage with the senses and their objects
How would I know ‘I’ exist if there was nothing ‘other’ than ‘me’
‘I’ must be here to experience all of this
It seems so ‘real’ and ‘I’ feel so ‘real’ –
‘I’ can see, ‘I’ can hear, ‘I’ can touch, smell, taste and of course ‘I’ can think – I do it all the time – thinking
Thinking about this or that
How good it will be if I get it, how bad it will be if I lose it. What ‘if ’
The expectations that ‘if’ holds - those thoughts
Have you ever really looked at those thoughts?
Just one at a time – how it comes and goes, comes and goes
Ask yourself where does it come from – that space?
Where does it stay when its here – that space?
Where does it go after its gone – that space?
Ask yourself Is that not the same space or is it a different kind of space?
That movement that appears as a thought does it really have any substance to it? Or like a bubble that surfaces when the water reaches a certain temperature it appears to exist
Do you hold on to each bubble giving it a meaning accepting some, rejecting others – it’s just water elated with some, depressed with others – it’s just water and under certain conditions it appears as bubbles
Its nature is water – no need to elaborate or fabricate any details and values and get lost in each appearance of a bubble
Constant bubbles, these bubbles, these appearances are just a display of our own nature –
If you have no attachment and grasping to each appearance then you can rest in the view – ‘TAWA’
Letting go of the seeming objects of the senses is also not feeding the illusion of the existence of the perceiver of these objects
The perceiver is just an habitual way of identifying what you think you are – as some kind of entity, agent
A something perceiving a something
Look again – and you will see all that appears is changing conditions – there is not one moment of solidity to what we call ‘body’ and ‘mind’
Look, take a deep look and you might see the illusion of who you think you and the illusion of what you think you are perceiving as reality, as truly existing
It's as true as you believe
When one shifts one’s perception
To just resting in awareness of awareness, the knowing of knowing – then there is no more engagement with the seeming objects of the senses arising
One does not stop any activity of the senses but one does not engage as one is at rest in awareness itself Consciousness itself knowing itself
The more familiar one becomes with being consciousness as vast as space without any limitations – not a ‘thing’ an entity but consciousness without a ‘this’ or a ‘that’ a here or a there a ‘you’ or a ‘me’
Then one is beginning to taste a possibility of seeing in a more awakened way
While there is still the feeling that there are objects ‘out there’ and something experiencing them here – be sure, it is an illusion and this illusion we call ‘life’.
For anyone who cares to read
Written on the August Full moon in the Toca below
Monte Azul – 3rd. August 2012
Ani Zamba

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