Naturalmente, se há
nascimento haverá morte
Nascer significa morrer
- não há saída
A menos que você vá
além do nascimento e morte.
Apenas sua própria
natureza não possui tais limitações fabricadas - são elas que
trazem todas as esperanças e medos
Apenas observe os
valores que nós damos a essas duas palavras
NASCIMENTO - a alegria
e as expectativas
MORTE - o desespero da
fatalidade - o medo de deixar ir tudo que conhecemos
Por que não fazer isso
agora - deixar ir, liberar seja o que for - o seu agarrar - ser livre
- tão livre quanto o próprio espaço
Por que não fazer isso
agora? O que impede você de deixar ir - o que há a perder, exceto o
que você acredita - Sua realidade
Mas isso é tão
‘real’? O que torna isso ‘real’? - O fato de que você
acredita nela - Por quê?
Apenas um hábito de
acreditar no que as outras pessoas dizem, no que as outras pessoas
fazem - Então deve ser verdade.
Verdade quanto a quê?
Ao seu nível de confusão?
Será que nós
realmente queremos enxergar a verdadeira natureza incondicionada -
Duvido
Para vê-la como ela é?
- Duvido
A ilusão de como nós
pensamos ser - é muito mais suculenta, saborosa, com todos os seus
detalhes, seus valores, emoções, altos e baixos, esperanças e
temores, e as histórias, aquelas histórias sem fim
A sedução dessa forma
de ver parece bem mais interessante já que isso significa
envolver-se em uma atividade interativa com o mundo dos sentidos - o
mundo aparente 'lá fora' - que parece tão real, tão convidativo
Eu não posso somente
deixar minha forma de ver - deixar a forma com a qual me envolvo com
os sentidos e seus objetos
Como eu poderia saber
que o ‘eu’ existe se não houvesse nenhum ‘outro’ além de
'mim'
‘Eu’ devo estar
aqui para experimentar tudo isso
Parece tão ‘real’
e ‘eu’ me sinto tão ‘real’ -
'Eu' posso ver, 'eu'
posso ouvir, ‘eu’ posso tocar, saborear, cheirar e, claro, 'eu'
posso pensar - faço isso o tempo todo - pensar
Pensar sobre isso ou
aquilo
Como seria bom se eu
obtivesse isso, como seria ruim se eu perdesse isso. E ‘se’
As expectativas que o
‘se’ carrega - aqueles pensamentos
Alguma vez você já
olhou realmente para esses pensamentos?
Apenas um de cada vez -
como ele vai e vem, vai e vem
Pergunte-se de onde ele
vem - aquele espaço?
Onde ele fica quando
está aqui - aquele espaço?
Para onde vai após a
sua ida - aquele espaço?
Pergunte a si mesmo
Não seria aquele o mesmo espaço ou seria um tipo diferente de
espaço?
Aquele movimento, que
aparece como um pensamento realmente tem alguma substância? Ou é
como uma bolha que vem à tona quando a água atinge uma certa
temperatura, ela aparenta existir
Você segura cada bolha
dando-lhe um sentido, aceitando algumas, rejeitando outras - é
apenas água - em êxtase com algumas, deprimido com outras - é
apenas água e sob certas condições, ela aparece como bolhas
Sua natureza é água -
não há necessidade de elaborar ou fabricar quaisquer detalhes e
valores e perder-se em cada surgimento de uma bolha
Bolhas constantes,
essas bolhas, essas aparições são apenas uma exibição de nossa
própria natureza -
Se você não tem apego
e não se agarra a cada aparição, então você pode descansar na
visão - 'TAWA'
Deixar ir os aparentes
objetos dos sentidos é também não alimentar a ilusão da
existência do observador desses objetos
O observador é apenas
uma forma habitual de identificar o que você pensa ser - como uma
espécie de entidade, agente
Algo percebendo algo.
Olhe novamente - e você
vai ver que tudo o que aparece são condições mudando - não há um
momento de solidez do que chamamos de ‘corpo’ e ‘mente’
Olhe, dê uma olhada
profunda e você poderá ver a ilusão de quem você acha que é, e a
ilusão do que você acha que está percebendo como realidade, como
realmente existente.
É tão verdadeiro
quanto você acredita
Quando alguém altera
sua própria percepção
Para apenas descansar
na consciência da consciência, o reconhecimento do saber - então
não há mais envolvimento com os aparentes objetos surgindo dos
sentidos
Não se impede qualquer
atividade dos sentidos, mas não se envolve com ela pois se repousa
na própria consciência. A Consciência percebendo a si mesma
Quanto mais familiar
alguém se torna com ser uma consciência tão vasta quanto o espaço
sem quaisquer limitações - não uma ‘coisa’, uma entidade, mas
uma consciência sem um ‘isto’ ou um ‘aquilo’, um aqui ou um
lá, um ‘você’ ou um ‘eu’
Então se está
começando a experimentar uma possibilidade de ver de uma forma mais
desperta
Enquanto ainda há a
sensação de que há objetos 'lá fora' e algo experienciando-os
aqui - esteja certo, isso é uma ilusão e a essa ilusão chamamos
'vida'.
Para qualquer um que
queira ler.
Escrito na Lua Cheia de
agosto na Toca abaixo de Monte Azul - 3 de agosto de 2012.
Ani Zamba
EM INGLÊS: