De forma ideal o retiro último é retirar-se do passado e do futuro, para sempre permanecer no presente. No entanto, nossa mente está muito apoderada e controlada pelo hábito todo o tempo. Uma característica do hábito é não ser capaz de sentar quieto, não ser capaz de permanecer no presente. Isso porquê estar no presente é tão assustador, tão monótono e insuportável para nossa mente deludida e mimada.
Pouco sabemos que, na verdade, estar no presente é muito excitante, e a maior liberação de todos os tipos de dor, sofrimento e ansiedade. Nós seres senscientes gostamos de estar livres de todas essas coisas, mas sempre acabamos diligentemente criando mais e mais causas e condições de ter essa dor, sofrimento e ansiedade.
Estar no presente é muito importante no budismo. É a estratégia central do budismo fazer o que for para manter a mente presente, ao invés de ter uma mente distraída. Todo singular método que existe no budismo é para esse resultado. Isso seria de uma simples meditação sentada a um método tântrico de visualização, ritual e mantra. Mesmo práticas elaboradas, incluindo certo tipo de dança tantrica, que é agora popularmente conhecida como dança dos lamas.
Com a miríade de métodos, um é basicamente retirar-se das atividades mundanas, e esperançosamente dos pensamentos mundanos, tanto quanto possível. Tradicionalmente, no Tibet, nós tentamos nos afastar da vida diária por algo como uma semana, três semanas, três meses, seis meses, três anos, nove anos. Mesmo hoje existem muitas pessoas no Tibet que estão na verdade em retiro por toda a vida. Entretanto, o retiro não tem que ser de três meses ou três anos. O que precisamos é ter a disciplina de retirar-se todo dia. Tal disciplina é retirar-se de nossas atividades ordinárias mundanas e, simplesmente, sentar-se em uma almofada de meditação consigo mesmo.
A idéia é evitar o envolvimento com as coisas que usualmente acabamos por nos engajar, como fofocar, conversar, navegar na internet ou ler jornais. Temos muitos métodos budistas para nos ajudar nisso, desde o simples não fazer nada, que é o mais difícil, a todo o caminho de duas ou três horas de rituais e práticas. Não há razão para nós não podermos nos referir a isso como um retiro.
(Dzongsar Khyentse - retirado da última edição de "Gentle Voice", endereço eletrônico: http://gentlevoice.org/content/)
Em Inglês:
Ideally the ultimate retreat is to retreat from the past and the future, to always remain in the present. However our mind is so empowered and controlled by habit all the time. One characteristic of habit is not being able to sit still, not being able to remain in the present. This is because being in the present is so scary, so boring and unbearable for our deluded and spoiled mind. Little do we know that actually being in the present is so exciting and the most liberating from all kinds of pain, suffering and anxiety. We sentient beings like to be free from all these things, but we always end up diligently creating more and more causes and conditions to have this pain, suffering and anxiety.
Being in the present is so important in Buddhism. It is the core strategy of Buddhism to do whatever it takes to keep the mind present, to have ones mind from going astray. Every single method that exists in Buddhism is for that result. It could be from just a simple sitting meditation to the tantric methods of visualisation, ritual and mantra. Even elaborate practices including certain tantric dances, what is now popularly known as lama dancing.
With the myriad of methods, one is basically retreating oneself from mundane activities and hopefully from mundane thoughts for as long as possible. Traditionally in Tibet we try to retreat from the everyday for something like one week, three weeks, three months, six months, three years, nine years. Even today there are many people in Tibet who are actually in retreat for a lifetime. However retreat doesn’t have to be three months or three years. What we need is to have the discipline of retreat every day. Such discipline is to retreat from our mundane worldly activities and simply sit on a meditation cushion with oneself.
The idea is to avoid engaging oneself with things we usually end up engaging in, such as gossiping, chatting, internet browsing or newspaper reading. We have so many Buddhist methods to help us do this, from simply doing nothing which is actually the most difficult, to all the way up to two or three hours of rituals and practices. There is no reason why we can not refer to this as a retreat.
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