terça-feira, 11 de outubro de 2011

Duas Abordagens Essenciais do Caminho



Vamos examinar como abordamos nosso caminho. Primeiro precisamos entender nossa meta, e ter certeza que o caminho que estamos vai nos levar até lá. Verifique cuidadosamente, investigue também se o caminho que você está seguindo e praticando está realmente conduzindo você mais perto de seu objetivo.

1. Seu caminho é um caminho de desenvolvimento, que envolve a esfera da possibilidade, que, se você for do A-B-C e assim por diante você vai definitivamente chegar ao Z? Neste caso, você vê o Buda como seu potencial - algo a ser realizado no futuro, depois de completar um denominado caminho com várias etapas.

2. Seu caminho é um caminho de descoberta e revelação do que já está presente e perfeito dentro de você agora? A revelação de sua natureza búdica. Tudo o que você almejar como resultado do caminho é o caminho em si mesmo. Você só precisa ver para reconhecer o que está lá, em cada e todo momento e, constantemente, liberar o que está obscurecendo a própria natureza perfeita.

Isso daria a impressão que uma abordagem é a abordagem de esforço e a outra é a sem esforço, como uma envolve ter de desenvolver certas qualidades a fim de ver, e a outra abordagem apenas liberar o que está obscurecendo o que já está lá.

Esta segunda abordagem envolve o elemento essencial de relaxamento, a fim de ser capaz de, naturalmente, liberar o que talvez surja para obscurecer sua natureza a cada momento, visto que nós temos a tendência de agarrar para controlar, manipular, a fim de obter um resultado pré-fabricado, e isso é muito não natural.

É tão mais fácil relaxar e liberar que fazer as coisas serem de uma determinada maneira. Tão imediato - sua liberação é agora mesmo, neste momento, em cada momento, se você pode apenas relaxar e liberar tudo aquilo que você esteja segurando, então você permite que sua própria natureza revele-se mais e mais.

Por favor olhe para o que você está fazendo e como é seguir um caminho pra você. É a abordagem de desenvolvimento, ou a abordagem que revela e descobre o que já está presente? Chamamos isso de abordagem Causal e de abordagem de Resultado para a Liberação. Ambas são abordagens igualmente válidas, mas, por favor, tente entender que nós temos esta oportunidade de seguir um ou outro - você deve descobrir o que funciona para você pessoalmente, e nós só podemos fazer isso através da prática. 
 
Amor a todos vocês, Ani Zamba
 
(Publicado por Ani Zamba em 9 de outubro de 2011, no site anizamba.org)
Em Inglês:

sábado, 8 de outubro de 2011

Como seu caminho trabalha para você?


 

Olá a todos, espero que vocês estejam bem e felizes e, se não tão felizes, perguntem-se por que não, visto que ambas, a causa da felicidade e a causa da infelicidade, estão dentro de sua própria mente - em nenhum outro lugar. Quando falamos de um caminho espiritual, ele deve ser um caminho que trabalhará para nós - isso significa um caminho que pode ser utilizado em nossas vidas diárias.

Pelo menos 80 por cento do que você estuda e prática deve ser baseado nas situações da vida diária. É a sua interação com a própria vida. Você pode ver como isso funciona por meio de seus próprios hábitos e tendências, e como você reage ao mundo fenomênico em torno de você a cada momento.

Os outros 20 por cento podemos inserir no reino da possibilidade. De que modo as coisas podem mudar, se nós fazemos a mesma coisa em nossas vidas, embora a maioria do caminho precise de um retorno ao que está realmente acontecendo aqui e agora, e trabalhar com isso (?). De outro modo, nossa vida e nossa prática tornam-se duas questões separadas, e não estamos fazendo uso da oportunidade presente, visto que as mutáveis aparências continuamente surgem.

Não temos tempo a desperdiçar, não há tempo a se perder nas infinitas elaborações que podem ser apresentadas a nós como o nosso caminho. Pergunte a si mesmo: para onde a sua abordagem do caminho está levando você e se ele está funcionando para você, tanto quanto mudando a maneira como você vê a vida ou não. Talvez se não tomarmos cuidado, nosso caminho, que foi concebido para libertar-nos - para liberar-nos, em vez disso, acabará aprisionando-nos, porque não sabemos como usar as ferramentas corretamente.

Tenha certeza que o seu caminho é realmente em direção à terra, o nível da pia da cozinha - e não apenas ficar perdido na magia e no mistério que podem parecer tão sedutores, mas podem ser uma armadilha, se não se sabe como usar estes métodos, por vezes elaborados, que nos são apresentados.

O que estamos praticando aqui neste retiro, poderia ser dito que é um caminho sem anestésicos - apenas ver o que surge - aceitando sem colocar qualquer valor nas coisas, sem dar nenhuma objetividade para qualquer fenômeno - removendo o combustível do fogo da ilusão e confusão, para que o "assim como é" de qualquer coisa que surja, revele-se mais e mais.
 
Nenhum lugar para correr, nenhum lugar para se esconder, basta olhar para ver como criamos as causas e condições para a nossa felicidade e infelicidade. Cabe a nós encontrar a genuína felicidade e libertação - é nosso patrimônio esta básica liberdade que é nossa própria natureza.  

Amor a todos, Ani Zamba. 

(Mensagem de Ani Zamba em 6 de outubro de 2011, publicada em anizamba.org)

Em Inglês:

domingo, 2 de outubro de 2011

O Retiro Último - Dzongsar Khyentse



De forma ideal o retiro último é retirar-se do passado e do futuro, para sempre permanecer no presente. No entanto, nossa mente está muito apoderada e controlada pelo hábito todo o tempo. Uma característica do hábito é não ser capaz de sentar quieto, não ser capaz de permanecer no presente. Isso porquê estar no presente é tão assustador, tão monótono e insuportável para nossa mente deludida e mimada.

Pouco sabemos que, na verdade, estar no presente é muito excitante, e a maior liberação de todos os tipos de dor, sofrimento e ansiedade. Nós seres senscientes gostamos de estar livres de todas essas coisas, mas sempre acabamos diligentemente criando mais e mais causas e condições de ter essa dor, sofrimento e ansiedade.

Estar no presente é muito importante no budismo. É a estratégia central do budismo fazer o que for para manter a mente presente, ao invés de ter uma mente distraída. Todo singular método que existe no budismo é para esse resultado. Isso seria de uma simples meditação sentada a um método tântrico de visualização, ritual e mantra. Mesmo práticas elaboradas, incluindo certo tipo de dança tantrica, que é agora popularmente conhecida como dança dos lamas.

Com a miríade de métodos, um é basicamente retirar-se das atividades mundanas, e esperançosamente dos pensamentos mundanos, tanto quanto possível. Tradicionalmente, no Tibet, nós tentamos nos afastar da vida diária por algo como uma semana, três semanas, três meses, seis meses, três anos, nove anos. Mesmo hoje existem muitas pessoas no Tibet que estão na verdade em retiro por toda a vida. Entretanto, o retiro não tem que ser de três meses ou três anos. O que precisamos é ter a disciplina de retirar-se todo dia. Tal disciplina é retirar-se de nossas atividades ordinárias mundanas e, simplesmente, sentar-se em uma almofada de meditação consigo mesmo.

A idéia é evitar o envolvimento com as coisas que usualmente acabamos por nos engajar, como fofocar, conversar,  navegar na internet ou ler jornais. Temos muitos métodos budistas para nos ajudar nisso, desde o simples não fazer nada, que é o mais difícil, a todo o caminho de duas ou três horas de rituais e práticas. Não há razão para nós não podermos nos referir a isso como um retiro.

(Dzongsar Khyentse - retirado da última edição de "Gentle Voice", endereço eletrônico: http://gentlevoice.org/content/)

Em Inglês: