Chogyam Trungpa Rinpoche |
"Meditar é trabalhar com nossa pressa, com nossa inquietação, com nossa constante atividade. A meditação provê espaço ou terreno no qual a intranquilidade pode mover-se, onde pode haver lugar para ser intranquila, onde pode relaxar por estar sendo intranquila. Se não interferirmos na intranquilidade, então ela se tornará parte do espaço. Não reprimimos nem atacamos o desejo de correr atrás de nossa própria sombra.
Meditar não é uma questão de tentar criar um estado hipnótico da mente ou produzir uma sensação de tranquilidade. O esforço para alcançar um estado tranquilo da mente reflete uma mentalidade pobre. Ao buscarmos um estado tranquilo da mente, estamos nos prevenindo contra a intranquilidade. Portanto, haverá um contante senso de paranóia e limitação. Sentimos uma necessidade de estar em guarda contra repentinos acessos de paixão ou de agressividade que poderiam se apossar de nós, fazendo-nos perder o controle. Esse processo de defesa limita o campo da mente ao não aceitar o que quer que aconteça.
A meditação, ao contrário, deverá refletir uma mentalidade rica no sentido de que utiliza tudo o que ocorre no estado mental. Consequentemente, se dermos campo suficiente para a intranquilidade de modo que possa mover-se dentro do espaço, então a energia deixará de ser intranquila, pois pode basicamente confiar em si mesma.
Meditar é como entregar uma enorme e aprazível campina a uma vaca intranquila. Ela poderá ficar agitada por algum tempo no seu campo enorme, todavia em certo ponto, visto que há tanto espaço, a intranquilidade torna-se irrelevante. Assim, a vaca come, come insistentemente, relaxa e adormece.
Meditar é como entregar uma enorme e aprazível campina a uma vaca intranquila. Ela poderá ficar agitada por algum tempo no seu campo enorme, todavia em certo ponto, visto que há tanto espaço, a intranquilidade torna-se irrelevante. Assim, a vaca come, come insistentemente, relaxa e adormece.
Reconhecer a intranquilidade, identificar-se com ela, requer atenção, ao passo que fornecer um pasto aprazível, um espaço enorme para a vaca inquieta exige consciência. Por conseguinte, atenção e consciência sempre se complementam mutuamente.
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